Empresas querem estabilidade

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Apesar de Mario Monti, que liderou um governo não-eleito de tecnocratas no último ano, ter já afirmado que prefere regressar ao mundo académico, os líderes empresariais e alguns políticos com ligações a Itália têm vindo a pressioná-lo para que fique.

Itália irá a eleições nacionais no próximo ano, provavelmente em abril, e embora Monti não seja candidato por nenhum bloco político, alguns sentem que será a única pessoa capaz de guiar o país através desta maré económica turbulenta.

Mais surpreendentemente, o apoio a Monti surgiu recentemente por parte do mundo do luxo, cujos consumidores afluentes foram também afetados por medidas fiscais exigentes, necessárias para reduzir a dívida do país.

«Itália precisa urgentemente de estabilidade», defende Francesco Trapani, diretor-executivo da divisão de joalharia e relógios no grupo francês LVMH. «Se o governo de Monti se mantiver durante alguns anos seria uma boa notícia para nós», afirmou Trapani à margem da cimeira de luxo do International Herald Tribune.

As vendas de vestuário de designer em Itália estão a cair, apesar de fluxos constantes de turistas ricos da Ásia.

A consultora Bain & Co prevê que o crescimento das vendas mundiais de luxo abrande para 10% este ano a taxas de câmbio constantes, em comparação com os 11% do ano passado. As vendas de moda em Itália têm vindo a descer.

«A situação está longe de estar clara e a evolução da situação política será fundamental», considera Trapani. «Não há nada pior num país que precisa de ser gerido do que não ter uma imagem limpa», acrescentou.

Diego Della Valle, presidente e diretor-executivo da produtora italiana de calçado de luxo Tod’s elogiou Monti pelos seus esforços até agora. «Se as coisas que o governo está a fazer trouxerem resultados, o ambiente vai mudar. As pessoas irão deixar o pessimismo», acredita.

Em setembro, Monti indicou estar disponível, por um sentido de responsabilidade, para liderar um novo governo se a eleição não produzir um líder com uma clara maioria. Os executivos do luxo afirmaram que Itália precisa de uma liderança credível com continuidade, após anos de más governações e corrupção.

Em setembro, Della Velle gastou quase 100 mil euros numa publicidade de três páginas nos dois principais jornais italianos para pedir uma mudança e criticar o que muitos chamaram de casta política.

O anterior Primeiro-Ministro Silvio Berlusconi, que tem sido submetido a vários julgamentos por alegada corrupção e pagamentos por sexo com menores, assegurou que não se irá candidatar a Primeiro-Ministro mas que irá ajudar o seu bloco do centro-direita.

Renzo Rosso, fundador da marca Diesel, considera que a necessidade de mudança foi evidenciada pelos recentes protestos na rua na Europa, mas condenou a violência. «É preciso uma mudança. Penso que Monti está a fazer um bom trabalho mas está a pagar por 30 anos de más políticas e corrupção», sustentou. «Temos de fazer algo mas não sei se ele será capaz de lutar contra a corrupção e o sistema. Se conseguir, temo que o mandem para casa», acrescentou.

A recessão prolongada está a pesar na taxa de aprovação de Monti, que diminuiu para quase metade (36%) em comparação com os 71% quando ele tomou posse há um ano, segundo uma sondagem da SWG.

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